Quando a assessoria de imprensa do Grêmio anunciou uma entrevista coletiva inesperada do presidente Romildo Bolzan Jr., há 11 dias, os jornalistas presentes na sala de imprensa do CT Luiz Carvalho ficaram sobressaltados, à espera de uma informação bombástica. Com seu costumeiro tom sereno, o mandatário “desapontou” a todos e revelou uma conversa com jogadores e comissão técnica a fim de “estabelecer um novo momento” para o Brasileirão que se aproximava. Mesmo que os detalhes da reunião não tenham sido levados a público, o elenco atendeu ao recado e já engrena três vitórias consecutivas.
A necessidade de realinhamento de metas e confiança ficou evidente após o Tricolor vacilar. À época da reunião, havia vencido apenas uma partida em cinco. Caiu para o Novo Hamburgo nas semifinais do Gauchão com dois empates e depois acabou derrotado de virada pelo Deportes Iquique, no Chile, pela Libertadores. O desafogo era a goleada por 4 a 1 sobre o Guaraní, também pela competição continental, na Arena.
– Estamos constituindo uma pauta positiva, boa, e tivemos uma reunião muito importante com jogadores, comissão, todos nós, no sentido de estabelecer um novo momento, como uma espécie de marco de uma caminhada importante que o Grêmio vai fazer – disse Romildo em 11 de maio. – Temos um grupo que está afinado. Falta ser regular, não oscilar – acrescentou o presidente.
Alijado da decisão estadual, o Grêmio usou o período para se reerguer com olhos voltados para o início do Campeonato Brasileiro e também a defesa do título da Copa do Brasil. Entre o dia seguinte à derrota no Chile e a estreia na Série A, passaram-se 10 dias. O tempo fez bem ao grupo, que aplicou 2 a 0 no Botafogo, na Arena.
No meio da semana, saiu atrás diante do Fluminense, em casa, no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil. Virou para 3 a 1 com autoridade. No último domingo, foi a Curitiba enfrentar o Atlético-PR, motivado pela classificação emocionante na Libertadores. Venceu novamente por 2 a 0, em uma partida na qual só foi incomodado após a expulsão por “cera” do goleiro Marcelo Grohe.
Em uma semana, o Tricolor recuperou o ânimo. Depois da vitória sobre o Furacão, os jogadores foram questionados sobre os efeitos da conversa a portas fechadas com a direção. Mais experiente do grupo, o lateral-direito Léo Moura rechaçou que tenha sido um bate-papo “duro”, mas “produtivo”. O zagueiro Pedro Geromel reforçou a união do conjunto, e o volante Arthur destacou a retomada da confiança.
– A mudança maior foi do nosso grupo. É normal as derrotas acontecerem. E (imprensa, torcida) colocaram tudo por água abaixo. O presidente nos deu confiança e isso é fundamental – resumiu o jovem.
O Grêmio acaba a segunda rodada na liderança do Brasileirão e sem sofrer gols. A amostragem é mínima, mas reforça o comprometimento dos comandados de Renato Gaúcho, que já admitiu poupar atletas para a sequência de jogos. Na quinta-feira, a equipe precisa de apenas um empate na Arena, diante do eliminado Zamora, para confirmar a classificação às oitavas da Libertadores.
– Às vezes acontecem coisas que, não digo o jogador estar relaxado, mas elas vão acontecendo e depois o time vai engrenando. Ainda temos um jogo decisivo na Libertadores. Inconscientemente, todo mundo está ligado e preparado para entrar em campo – acrescentou Kannemann.
A reapresentação tricolor está marcada para a tarde desta segunda-feira, no CT Luiz Carvalho. Na quinta, o Grêmio enfrenta o Zamora pela última rodada da fase de grupos da Libertadores, às 21h45, na Arena. Um empate já garante classificação. A vitória dá o primeiro lugar no Grupo 8 e a vantagem de decidir em casa na fase seguinte.
Fonte: GE- Globo Esporte