Chuva e descentralização esvaziam 13ª Virada Cultural em São Paulo

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Chuva, descentralização dos palcos dos grandes shows e ação na Cracolândia esvaziaram a 13ª Virada Cultural realizada das 18h de sábado (20) às 18h a domingo (21), a primeira sob a gestão do tucano João Doria, com 900 atrações.

Às 16h18 deste domingo, toda a cidade entrou em estado de atenção para alagamentos por conta da chuva. Na Chácara do Jockey, Sambódromo do Anhembi, Autódromo de Interlagos e Parque do Carmo, os shows tiveram pouca audiência. Artistas como Diogo Nogueira e Alcione cantaram para poucas pessoas. O cantor Eduardo Dussek teve um público ínfimo na Chácara do Jockey em meio a um temporal. O próprio prefeito não compareceu ao evento.

O secretário municipal da Cultura, André Sturm, disse que a crítica sobre o esvaziamento não procede. “Acho que acertamos ao tirar os palcos grandes e colocar os tablados.”Várias das atividades foram bem sucedidas. Tinha muita gente no Centro. Não queríamos shows com 40 mil pessoas. O Centro ficou cheio sem muitas pessoas no mesmo lugar”, afirmou.

“A descentralização eu acho que também deu certo. Claro que não 100% certo.” Sturm destacou que na madrugada de sábado para domingo, a Chácara do Jockey reuniu 30 mil pessoas no show de Dona Onete e Gaby Amarantos.

Gaby Amarantos se apresenta na Chácara do Jockey na madrugada deste domingo (Foto: RONALDO SILVA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

Mano Brown, líder dos Racionais, divulgou um comunicado em seu perfil no Facebook em que alegou falta de estrutura da organização do evento para a montagem do palco.

“O show da #Virada foi cancelado por motivos de força naturais decorrentes da chuva de sexta-feira que inviabilizaram que o palco e toda a estrutura que se necessita para ter o show do Mano Brown – Boogie Naipe estivesse pronta. Essa estrutura deveria estar pronta na sexta, como combinado”, diz o texto.

Sturm explicou que Mano Brown exigiu uma passagem de som na sexta e com o dilúvio daquele dia, não teve como. Ainda de acordo com o secretário, o show vai ser reagendado.

Na madrugada, DJs do Taco Bell, que tocariam no Palco Festas no Coreto da Bolsa de Valores, na Praça Antonio Prado, no Centro da capital, chegaram ao local às 22h de sábado, mas a Prefeitura havia esquecido de montar. A Secretaria da Cultura disse que houve um problema técnico e que foi solucionado às 2h de domingo com o palco montado. “Foi uma falha nossa”, disse Sturm.

“De uma maneira geral a Virada deu certo. Faço uma avaliação positiva. Acho que demos um passo à frente. Acho que a gente acertou”, avaliou o secretário.

 A banda Titãs se apresenta no encerramento da Virada Cultural 2017, no palco do Anhembi, na zona norte de São Paulo (Foto: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo)

Sambódromo, Interlagos e Carmo

Apresentação do cantor Diogo Nogueira no Parque do Carmo na Zona Leste de São Paulo, neste domingo (21), na Virada Cultural (Foto: Peter Leone/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Na opinião de Sturm, o sambódromo do Anhembi foi o único espaço que não funcionou como se esperava. Ali foram realizados shows de artistas famosos como Daniela Mercury e Titãs. O público foi pequeno para um espaço tão grande. “Gastamos um dinheiro importante no sambódromo e precisa ser revisto. “O sambódromo não deu tão certo. A gente ficou insatisfeito.”

A Prefeitura investiu R$ 500 mil nos shows no sambódromo. Ao todo, Virada Cultural custou R$ 13 milhões. O secretário destacou ainda que a segurança foi maior este ano.

Sobre o Parque do Carmo, o secretário diz que é uma aposta. “Tivemos shows com 3 mil pessoas. Se tivesse Diogo Nogueira no Anhangabaú, seria 40 mil. Mas estamos apostando nesse local.”

Para Sturm, o Autódromo de Interlagos, onde foram marcados vários eventos para crianças, não funcionou por conta da chuva e por ser descampado.

Regilda Sales levou os filhos Raí e Renan para participar das atividades no autódromo, mas, por conta da chuva, acabou ficando nas arquibancadas assistindo a uma corrida de carros. Moradora do Grajaú, também na Zona Sul, foi a primeira vez que participou de uma virada. “Só vim porque era mais perto de casa”, disse.

Rogério dos Santos Serafim levou o filho Pedro Henrique, um bebê de colo, para a Virada. Para ele, o mais interessante foram os carros correndo e as brincadeiras para as crianças. “Mas a chuva atrapalhou um pouquinho”, disse.

Um outro jovem foi para o show de MC Gui, mas optou por deixar o espetáculo no meio do caminho por conta da chuva e da falta de transporte.

A chuva prejudicou, principalmente, os eventos do final da manhã e da tarde de domingo. No sábado, shows de Gabi Amarantos e Liniker e os Caramelows, na Chácara do Jockey, tiveram mais sorte e mais fãs. No dia seguinte, no mesmo lugar, quase ninguém prestigiou os shows. O parque é aberto e as poças de lama afastaram o público do show de Eduardo Dussek, no sábado, mas músico foi visto quando tocou no Centro na noite do sábado.

presentação do cantor Eduardo Dussek na Virada Cultural 2017, no Parque Chácara do Jockey, na Vila Sônia em São Paulo (Foto: Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Na madrtugada deste domingo, show com Gaby Amarantos reuniu grande público na Chacara do Jockey (Foto: Ronaldo Silva/Futura Press/Estadão Conteúdo)

A cantora Fafa de Belém se apresenta durante o show da Alcione no palco principal do Parque do Carmo (Foto: Peter Leone/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Na Praça da República, também no Centro, a recepcionista Alana Barros, 26, frequentadora da Virada há cinco anos diz que a longa distância entre os artistas “miou” o evento.

 “Acho que ter colocado os artistas principais longe deu uma miada. A gente fazia tudo andando. E a chuva ajudou também”, disse Alana.

Foi no Centro que o governo do estado e a Prefeitura realizaram uma operação na Cracolândia na manhã deste domingo. Em palcos próximos, o público da manhã demonstrou receio da operação chegar mais perto, o que não aconteceu.

Mas a região central seguiu sendo a com mais público. Os cordões, novidade nessa edição, em que os artistas se moviam em um trio elétrico por um trajeto determinado, arrastaram algumas centenas de pessoas. Os forrozeiros do Falamansa e o axé do Tchan animaram os participantes.

Ronaldo Duarte, de 18 anos, Midian Suzan, de 18 e Vitória Mirian, de 20 anos saíram de Sapopemba na Zona Leste para assistir ao show do Titãs, no Anhembi, na Zona Norte. Para Vitória Mirian, deveria melhorar a localidade. “Independenteme de ser próximo do Metrô, é bem dificil. Poderia ter bandas mais de renome em lugares mais próximos.”

“A chuva não atrapalhou nem um pouco. É só entrar na vibe da música que você se anima um pouco”, disse Ronaldom para quem o público pequeno”, afirmou Ronaldo.

Para Rogério Baccelli, que foi ao Anhembi ver os Titãs, com a esposa, filhos e um amigo, disse que a ideia do prefeito de espalhar foi muito boa. “A gente inclusive estava em outro lugar, na República, que foi a viradinha cultural das crianças. A gente veio para cá. A iniciativa foi muito boa. A única coisa que estragou foi a chuva. Faltou gente por causa da chuva. Participo todos os anos desde a primeira e melhorou muito”, afirmou.

Theatro Municipal cheio

Apresentação do grupo Camané (fado português), uma parceria com o Consulado de Portugal, encerra a Virada Cultural no Theatro Municipal (Foto: Livia Machado/G1)

As apresentações em locais fechados, como no Theatro Municipal e Centro Cultural São Paulo, tiveram bom público no sábado, mas diminuíram no domingo.

Foram oito apresentações no Theatro Municipal, com media total de 7 mil e 200 pessoas. Passaram pelo local 358 artistas, 119 técnicos trabalhando e também tiveram intervenções artísticas na fachada do Theatro. Um coro indígena se apresentou na escadaria do hall do Theatro.

O público de domingo reduziu bastante se comparado ao de sábado e não houve nenhum evento com ingressos esgotados.

A abertura da Virada, com Daniela Mercury, e o encerramento, com a banda Titãs, tiveram tom político. Enquanto a baiana “pediu verdade para todos os políticos do país”, os roqueiros encerraram o show com “Desordem” argumentando que faz “muito sentido nos dias de hoje”.

Sturm cometou sobre uma xerox de um documento que foi entregue aos artistas pela prefeitura falando sobre penalidades para os artistas q fizessem manifestações políticas.

“O MP nos convocou para uma reunião e nos disse que nós tínhamos que notificar os artistas para manifestações de cunho político.” A Prefeitura disse que apenas cumpriu a determinação e entregou a xerox da ata. “Não acho que ninguém seria punido por dizer ‘viva isso’ ou ‘fora aquilo’. Eu vi várias manifestações rápidas em alguns locais.”

Fonte: G1

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