Príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth, vai abandonar vida pública no Reino Unido

Rainha continuará com sua agenda de compromissos reais, informou o Palácio de Buckingham.

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O príncipe Philip, marido da Rainha Elizabeth II da Inglaterra, vai abandonar as atividades públicas reais no outono do Hemisfério Norte, anunciou nesta quinta-feira (4) o Palácio de Buckingham.

Famoso pelo senso de humor peculiar e por sua lealdade à rainha, o príncipe consorte mais longevo da história britânica vai completar 96 anos em junho.

O palácio informou que a rainha vai continuar com sua agenda pública completa. “Sua Alteza Real o duque de Edimburgo decidiu que não comparecerá a compromissos públicos a partir do outono deste ano”, afirma um comunicado, segundo o qual Philip recebeu “todo o apoio da rainha” ao tomar sua decisão.

O anúncio encerrou uma noite de especulações sobre a saúde do casal real, iniciada com a notícia de que todos os funcionários a serviço de Elizabeth II haviam sido convocados em caráter de urgência ao Palácio de Bunckingham.

Philip e a rainha Elizabeth saem do edifício do Parlamento em foto de 2009 (Foto: Toby Melville/Reuters)

A primeira-ministra Theresa May expressou a “mais profunda gratidão” ao príncipe.

“Em nome de todo o país, quero expressar nossa mais profunda gratidão e bons desejos a Sua Alteza Real o Duque de Edimburgo”, afirmou May.

“Desde seu firme apoio à rainha a seus inspiradores Prêmios Duque de Edimburgo, e à patronagem de centenas de organizações de caridade e boas causas, sua contribuição ao nosso Reino Unido, a Commonwealth e ao mundo em geral beneficiarão a todos nós durante anos”.

Na quarta-feira, véspera do anúncio, Philip inaugurou uma nova grade no histórico estádio Lord’s de críquete de Londres.

“Vocês estão prestes a ver o desvendador de placas mais experiente do mundo”, brincou durante a cerimônia.

Trajetória

Príncipe Philip da Grécia e da Dinamarca, bisneto da rainha Victoria como a própria rainha Elizabeth II, nasceu em uma mesa de cozinha na ilha de Corfu em 10 de junho de 1921.

E pouco mais de um ano depois, em dezembro de 1922, foi retirado em uma caixa de laranjas com restante da família em um navio britânico, quando o tio, o rei Constantino I da Grécia, avô da rainha da Espanha, teve que partir para o exílio.

Após uma infância errante e uma longa estadia em um pensionato austero da Escócia, ingressou na Marinha britânica e teve participação ativa na Segunda Guerra Mundial.

Após o casamento em 1947 com a jovem princesa Elizabeth, Philip Mountbatten foi enviado a Malta, mas a meteórica ascensão militar foi interrompida pela ascensão ao trono da esposa em 1952, o que o obrigou a renunciar à carreira.

“Estando casado com a rainha me parecia que deveria servi-la da melhor maneira possível”, disse certa vez numa entrevista à ITV.

Rainha Elizabeth e o marido Philip em 2011 (Foto: Alastair Grant/AFP)

Espontaneidade inadequada

Desde então desempenhava um papel secundário ao lado da monarca, a qual acompanhava em visitas oficiais, mas vinha sendo alvo constante da imprensa devido comentários, ao mesmo tempo, espontâneos e inadequados — e muitas vezes racistas.

Em 1986, por exemplo, aconselhou estudantes britânicos na China a não permanecerem muito tempo no país se não quisessem terminar com os “olhos rasgados”.

Durante uma visita à Austrália em 2002 perguntou a um aborígene se “ainda disparava flechas”. Em outra ocasião questionou um professor de autoescola escocês sobre seu método “para manter os nativos sem beber durante tempo suficiente para passar no exame”.

Em uma ocasião, um menino disse que gostaria de ser astronauta e o duque respondeu: “Nunca poderá voar, está muito gordo”.

À ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que quase morreu em um ataque dos talibãs por defender o direito de educação das meninas, disse que “os pais enviam as crianças para a escola porque não as querem em casa”.

Ao ser questionado se gostaria de visitar a União Soviética, respondeu: “Eu gostaria muito de ir à Rússia, mas os bastardos assassinaram metade da minha família” (em referência ao destino dos Romanov).

A um professor de auto-escola escocês, o príncipe perguntou: “Como você faz para manter os nativos suficientemente longe da bebida para aprová-los no exame?”

Apesar de tudo, ganhou a simpatia dos britânicos com o trabalho de incentivador de quase 800 organizações.

Casamento sólido

Elizabeth e Philip casaram-se no dia 20 de novembro de 1947. Eles se conheceram em 1939, quando Philip da Grécia tinha 18 anos e a então princesa, 13. A futura rainha, apelidada de “Lilibet”, contou mais tarde que foi amor à primeira vez pelo louro alto de olhos azuis. Ele, por sua vez, nunca confessou se o sentimento foi recíproco.

“São a atração dos opostos: ela é séria, tímida, introvertida; ele, ao contrário, gosta de gente e da vida social, sendo muito divertido. Enfim, se complementam”, assinalou Marc Roche, autor da biografia “A última rainha”.

Com a prematura morte do rei George VI, Elizabeth subiu ao trono aos 25 anos. Philip tornou-se príncipe consorte, à sombra da esposa; foi até obrigado a mudar o sobrenome, Mountbatten, porque, segundo Winston Churchill, soava muito alemão, numa época de guerra.

“O príncipe Philip é o único homem em todo o mundo que trata a rainha como um simples ser humano”, contou certa vez o ex-secretário privado de Elizabeth II, Lord Charteris. “É o único que se pode permitir. E isso agrada a ela”, acrescentou.

A solidez da “associação” que formaram contribuiu, em boa medida, para a estabilidade da monarquia britânica nas últimas seis décadas.

“A rainha e o príncipe formaram uma parceria de trabalho extraordinária, mas seriam felizes?”, escreveu Gyles Brandreth no best-seller “Philip e Elizabeth, retrato de um matrimônio”.

Fonte: G1

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