
A quatro dias da votação pela Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer, o governo e os parlamentares aliados afinarão neste fim de semana as estratégias para barrar o prosseguimento do processo para o Supremo Tribunal Federal. A sessão está marcada para quarta-feira (2).
Neste domingo (30), Temer comandará em Brasília uma reunião com ministros e deputados da base aliada para discutir a votação. O encontro está previsto para o Palácio do Jaburu, assim como têm sido as últimas reuniões para discutir a denúncia.
Com o objetivo de desgastar a imagem de Temer, a estratégia – praticamente definida – da oposição é a seguinte: não registrar a presença em plenário e adiar a votação.
Nos bastidores, deputados contrários a Temer avaliam que o cenário atual é favorável ao presidente, ou seja, que há a possibilidade de a denúncia ser rejeitada pelo plenário.
Por isso, está prevista para a próxima terça (1º), véspera da votação, uma reunião na Câmara dos líderes de partidos e deputados da oposição.
>> Leia detalhes sobre as estratégias de Temer e da oposição mais abaixo
A denúncia da PGR
Com base nas delações de executivos do grupo J&F, que controla a JBS, Temer foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal pela Procuradoria Geral da República, por corrupção passiva.
O STF só poderá analisar a denúncia, porém, se a Câmara autorizar. Para o processo seguir para a Corte, são necessários os votos de, pelo menos, 342 deputados contra Temer.
ENTENDA: Os caminhos da denúncia contra Temer
Antes de a denúncia ser analisda pelo plenário, foi discutida na Comissão de Constituição e Justiça. Na CCJ, o governo conseguiu uma vitória.
Após uma série de trocas de integrantes, articulada pelo Palácio do Planalto, a CCJ rejeitou o parecer de Sergio Zveiter (PMDB-RJ), favorável à denúncia, e aprovou o relatório de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que recomenda a rejeição da denúncia. Este é o parecer que será votado em plenário.
AS ESTRATÉGIAS
GOVERNO
Com o objetivo de barrar a denúncia no plenário da Câmara, Temer convocou para este domingo uma reunião no Palácio do Jaburu com ministros e deputados para discutir as estratégias para a sessão.
Os ministros que despacham do Palácio do Planalto – Eliseu Padilha (Casa Civil), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) – deverão participar desse encontro, além de líderes do governo no Congresso, além deputados aliados e líderes partidários.
Segundo apurou o G1, o Planalto concentrará as articulações em deputados de PSDB, DEM e PSB.
Levantamentos internos indicam a possibilidade de parlamentares dessas legendas se posicionarem a favor da denúncia contra Temer.
Além disso, deputados de PP e PSD têm demonstrado resistência a votar na sessão, embora os dois partidos integrem o governo.
Diante desse cenário, desde os últimos dias o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem analisado os “mapas” apresentados por diferentes deputados, a exemplo de Beto Mansur (PRB-SP) e André Moura (PSC-SE), e comparado com os próprios levantamentos do Planalto.
Padilha também tem monitorado como os deputados têm se manifestado em redes sociais e em entrevistas nas bases eleitorais. A estratégia é negociar cargos e liberação de emendas.