Dia Nacional de Libras

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Celebrada nesta segunda-feira, 24 de abril, a Língua Brasileira de Sinais, formada a partir da década de 1850, é usada por aproximadamente 5 milhões de pessoas no Brasil, além de ser a principal forma de comunicação para boa parte dos cidadãos surdos no País. Resultados positivos no ambiente corporativo fizeram crescer a procura por intérpretes nas empresas e a demanda por esses especialistas ainda é maior do que a oferta.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é usada por aproximadamente 5 milhões de pessoas no País. Trata-se da principal forma de comunicação para boa parte dos cidadãos surdos. É um direito assegurado pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (nº 13.146/2015) na educação, no trabalho e na cultura.

Conforme o Censo IBGE 2010, o País tem 9,7 milhões de cidadãos surdos ou com deficiência auditiva. E nesta segunda-feira, 24, quando é celebrado o Dia Nacional de Libras, a situação dessas pessoas é o centro das atenções.

Reconhecida oficialmente como meio de comunicação e expressão somente em 24 de abril de 2002 pela Lei nº 10.436, a Libras tem origem na década de 1850, a partir da união da antiga língua de sinais brasileira com a língua de sinais francesa, ensinadas no Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES), que tinha o nome de Instituto dos Surdos.

COMUNICAÇÃO – Está no ar desde outubro de 2016 o ‘Primeira Mão’, telejornal inédito no Brasil que apresenta os fatos mais importantes da semana, nacionais e internacionais, em Libras (Língua Brasileira de Sinais) e também na língua portuguesa, com legendas e locução.

Lançado pela TV Ines – parceria do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) e da Associação de Comunicação Educativa Roquette-Pinto (Acerp) – o telejornal é exibido toda quinta-feira às 19h (clique aqui para assistir).

O programa tem dois apresentadores surdos. Clarissa Guerretta, professora de Letras/Libras da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e Áulio Nóbrega, pedagogo formado pelo Ines.

Toda a produção, do roteiro até a exibição, é feita por uma equipe de profissionais de televisão surdos, ouvintes e tradutores intérpretes. As emissoras SBT e RedeTV, e a agência de notícias France-Presse colaboram diariamente com diversos materiais.

O telejornal tem 25 minutos de duração e, além de apresentar as notícias, contextualiza as informações de forma didática e acessível.

TRABALHO – A demanda por especialistas em acessibilidade e inclusão nas empresas ainda é maior do que a oferta de profissionais com esse tipo de formação no mercado de trabalho. Por isso, universidades estão investindo em cursos de extensão. E a procura por especialização na área está aumentando.

“Inclusão e acessibilidade estão crescendo de forma geral no mercado de trabalho em função da Lei de Cotas. É uma forma do empregador conseguir reconhecer o potencial de uma pessoa com deficiência”, afirma Jurema Santos Souza, professora do curso de pós-graduação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) do Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro.

“Há uma grande procura por pessoas surdas nas empresas. O que faz alguns desistirem ou apresentarem resistência é o medo da comunicação, mas quando essa barreira é quebrada, com um intérprete ou um responsável pelo encaminhamento do profissional (professor, assistente social, psicólogo etc), o resultado é positivo”, diz a docente. “Algumas empresas, inclusive, acabam oferecendo educação em Libras ou liberando o funcionário para frequentar um curso”, ressalta.

A Celso Lisboa tem três cursos de pós-graduação totalmente voltados à capacitação de profissionais interessados em atuar no universo da pessoa com deficiência. Além da tradução e interpretação em Libras, há também o curso sobre deficiência visual e inclusão, e ainda o de ensino e atividade física para grupos especiais.

O #blogVencerLimites conversou com dois alunos da pós-graduação em Libras. Edimar Dias da Costa, de 49 anos, educador infantil, morador do Grajaú, e Aline Lopes Peixoto Andrade, de 32 anos, moradora de Niterói, formada em Serviço Social pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e que trabalha atual na área de vendas.

Vencer Limites – Por que você escolheu uma pós-graduação em Libras?

Aline Andrade – Já havia feito cursos livres nesta área, mas senti necessidade de me aprofundar. Por isso, procurei por uma pós-graduação e uma amiga recomendou a da Celso Lisboa. Eu não pretendo inicialmente trabalhar nesta área, meu interesse em estudar Libras veio do meu desejo de poder me comunicar com qualquer pessoa, independentemente das suas deficiências ou diferenças.

Edimar Costa – Nos últimos anos vem aumentando entre os alunos o número de crianças com deficiência auditiva. Por isso senti a necessidade de aprender e poder me comunicar para ensinar melhor. Na graduação (em Biologia), tive acesso apenas ao básico de Libras, e na pós-graduação posso melhorar meu conhecimento.

Vencer Limites – Como é o mercado de trabalho para quem tem esse tipo de especialização? Você já atua nessa área? Há quanto tempo?

Aline Andrade – Não atuo nesta área ainda. Então, não sei como é o mercado. Pretendo, no futuro, investir em algum projeto que eu consiga conciliar a minha formação na área de Serviço Social, artes, que eu gosto muito, e pessoas com deficiência auditiva.

Edimar Costa – Eu noto que no mercado está bastante aquecido para pessoas com essa formação. Pelo menos na área de educação, na qual trabalho, venho percebendo que ter um curso como esse no currículo é um diferencial. Há alunos que precisam de professores que consigam lidar com essa demanda, com conhecimento e naturalidade no tratamento.

Vencer Limites – Qual a sua avaliação sobre inclusão e acessibilidade no mercado de trabalho em geral? E para as pessoas surdas ou com deficiência auditiva?

Aline Andrade – Existem leis que colaboram com a inclusão de pessoas com deficiência, inclusive os surdos, no mercado de trabalho. Isso é bastante importante e precisa crescer cada vez mais. Na sociedade, em geral, não percebo que a inclusão é um assunto com o qual as pessoas se importem muito. Minha esperança é que a sociedade vá absorvendo as leis e melhorando nessa questão. Porque, hoje em dia, pessoas com deficiência não conseguem nem ir em uma loja e efetuar uma compra sem passar por dificuldades. Por isso, muitos deles se isolam em seus grupos, porque com pessoas com as mesmas deficiências eles conseguem se comunicar e viver normalmente.

Edimar Costa – Acredito que as coisas estão melhorando em relação à inclusão. E as leis estão aí também para que o mercado se abra. Mesmo que muitas contratem por obrigação, as empresas ficam mais diversas com essa transformação.

 

Fonte: Estadão

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